quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Do limão uma limonada

Tenho usado muito essa frase, ultimamente. Fazer do limão uma limonada, significa se reinventar, se superar, criar uma nova realidade em cima de uma dor incômoda, que insiste em lhe lembrar fatos que deveriam ficar esquecidos. Pois bem, nos últimos dias rompi uma barreira. O medo de falar em público. Dei uma entrevista de 30 minutos num programa de entrevistas e consegui falar coisa-com-coisa. Meu medo era ficar nervosa e parecer ridícula. Claro que fiquei nervosa, mas consegui concatenar as idéias e falar frases inteligíveis sem parecer idiota. E aí, foi. Perdi quase todo o medo.
As mulheres, hoje, tem que ser assim: sacudidas. E seguir em frente. Mesmo que tenha sempre um homem prepotente querendo lhe mostrar quão incopetente ela pode ser. A capacidade de superar mágoas é uma dádiva feminina. A capacidade de se reinventar é uma qualidade feminina. Não basta ser mãe, esposa e profissional. Tem quer forte, firme e ter idéias próprias. E rezar muito, para que aquela inveja não lhe atinja. E assim, fazer do limão uma limonada.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A cultura machista

Gosto de escrever aqui porque tenho a sensação de falar comigo mesma, já que ninguém sabe da existência desse blog. Desde criança convivi muito no universo masculino, já que tenho dois irmãos mais velhos e minha única irmã sempre foi distante e se mudou de casa muito cedo. Tive de aprender a conviver de acordo com as imposições deles e me tornei um pouco rude por consequência. Desenvolvi uma preferência, inconsciente, por amizades masculinas. Os homens são menos competitivos e mais instigantes. Porém, hoje que convivo com motociclistas, percebo um machismo quase irreversível em todas as faixas etárias do universo masculino. Eles planejam viagens somente para homens. Eles programas happy hours somente para a turma. Sem garupa, dizem. O tema dos encontros é sempre o mesmo: motos, percursos, trajetos, desempenho das motos na pista e mulheres, claro. O clube do bolinha dos motociclistas me incomoda porque sou parte de uma estatística de mulheres que são chefes de família, resolvem problemas desde trocar lâmpadas a entender sobre a pastilha do freio a disco e injeção eletrônica. Por isso, o preconceito masculino me incomoda. Onde eles são melhores que eu? E eles falam das mulheres como seres que incomodam: chatas, possessivas, ciumentas e até tolas. Não me considero nem uma coisa e nem outra. Acho que nasci do lado errado, pois a tendência machista é um mal da cultura latino-americana e muito arraigada no subcosnciente brasileiro. O meu atual marido sofre, pois não é sempre que consegue acompanhar a tropa de motociclistas. Quando tem um programa só para homens pergunto: é justo eu ficar sozinha em casa? Geralmente ele pensa e desiste, mas tem dias em que finjo não me importar. Afinal, sou sozinha para lutar contra toda uma fauna de homens que priorizam sempre seus próprios desejos. Corro o risco de me tornar a general. Mas pergunto: é justo?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Morangos


Na minha infância ingênua de criança criada no sítio, como já disse anteriormente, caminhava alguns quilometros para chegar à escola. Nos meus 7 anos, 1º ano primário, eu ia para a aula com dois amiguinhos da mesma idade, filhos de colonos da fazenda. A gente ia observando tudo, parando em cada buraco para ver se era toca de coruja, de coelho ou de cobra. Invariavelmente encontrávamos uma bela sussuarana estirada no meio do caminho, desviávamos e seguíamos em frente. Eu era realmente feliz, apesar do sacrifício e do medo que tinha dos bois. Atravessávamos pastagens com milhares de cabeças de Nelore e também nos acostumamos a correr deles. Mas, nosso programa favorito era parar na horta de morangos do japonês. Lá podíamos tomar água da bica e, de vez em quando, ganhávamos alguns morangos fresquinhos. Era uma horta linda, tudo verdinho cheio de pontinhos vermelhos, os morangos mais gostosos que comi. Foi ali, nos meus 7 anos, que comecei a aprender o valor do sacrifício.
Hoje vejo as crianças serem levadas na porta da escola e eu mesma faço isso com meus filhos. Vejo elas exigirem ir lanchar no Mac Donald´s. Não gosto de saudosismo, mas vejo que minha infância foi pura, saudável e insubstituível. O que sobrou dela está aqui dentro de mim, é a força que me move para enfrentar o dia-a-dia.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Fé em Deus e pé na tábua

Sempre acreditei nessa máxima. Vivi uma passagem que retrata literalmente esse cenário. Certo dia, aos 10 anos, fui à cidade com meus pais, na velha Ford verde abacate, que era nosso meio de transporte na época. Produzíamos casulos de bicho-da-seda e papai estava levando a produção para entregar na fábrica. Na descida da ladeira, a bela ficou sem freio. Só me lembro de minha mãe me jogando no chão e gritando, Deus nos acuda! Disparamos na contramão e fomos parar num barranco, sem um arranhão. Eu, particularmente achei a aventura uma diversão. Minha mãe ficou apavorada o resto da semana. O fato é que a vida seguiu seu curso e não fosse o braço forte de meu querido pai, teríamos morrido os três. Nessa época eu era um tanto cética em relação à fé e religiosidade. Não frequentei a catequese porque morava longe da cidade e passava vergonha ao ir na missa, não sabia rezar nem o Pai Nosso. Confesso que fui aprender as orações direito depois de adulta, por minha conta e risco. Não acho que a catequese me fez falta. E seguindo a mesma linha, não matriculei meus filhos para a primeira comunhão. Me sinto meio agnóstica quando lembro disso e até um pouco irresponsável. Mas,quando vejo os escândalos envolvendo bispos e padres por pedofilia ou por se apossar de dinheiro alheio, me tranquilizo. Acho que Deus existe. E é meu amigo. Pois, sem essa crença eu jamais teria saído da fazenda, da minha vida pacata e enfrentado o mundo. Portanto, vamos fazer valer a máxima e Fé em Deus e pé na tábua, agora e sempre.

De lá pra cá


Foto da década de 90, quando entrevistei Luiz Carlos Prestes, poucos meses antes de sua morte, para a Rádio Cidade, meu primeiro emprego de repórter

No início da década de 80 estava vivendo a escolha da profissão. Morava na fazenda, tinha muitas idéias na cabeça e uma vontade louca de desvendar os mistérios da vida urbana. Sem medo nenhum, somente planos, planos. Influenciada pela Elídia, minha amiga e confidente desde os 5 anos (hoje ela é juíza federal, que orgulho!), queria fazer jornalismo. Mas, papai queria para mim Medicina ou Computação. Combinei de tentar as duas e fazer o que fosse aprovada. Passei em jornalismo, claro. Ele não autorizou. Me rebelei e saí para conhecer o mundo, fui morar em Cuiabá, a tórrida capital do Mato Grosso. Naquele período tão quente como sempre, fiquei por lá quase um ano. Passei no vestibular da Universidade Federal de Mato Grosso,a imponente UFMT de Cuiabá, mas trabalhava numa concessionária Honda e meu patrão não permitiu que eu saísse mais cedo para cursar a universidade. Naquele período eu podia exercitar sem medo minha liberdade e determinação e mandei-o catar coquinho. Pedi demissão às 10 horas e ao meio-dia estava num avião voltando para casa. Fui tentar meu jornalismo. Passei. Cursei. Me formei. Casei. Me mudei. No percurso deixei de lado o gosto pela reportagem para ser mãe e virei assessora de imprensa. Nunca mais consegui deixar a função. Todo esse preâmbulo somente para contar que hoje minha filha passa pela mesma indecisão. Prestes a prestar vestibular, ela não sabe o que quer. No momento está no exterior, conhecendo o mundo. Dei a maior força, repito sempre: o mundo é grande, não se atenha ao horizonte, existe algo mais além. E, impossibilitada de alçar meus vôos, por enquanto, vejo-a planar em novos horizontes. Meus amigos, a vida nos reserva aquilo que vamos buscar. E assim seja. Muitas pessoas me questionam sobre porquê não mando para o alto o que me prende, me desmotiva, me desespera muitas vezes. Não mando porque preciso criar meus filhos. É, sozinha. E é assim, sendo realista, corajosa, intempestiva e metida a besta ou seja lá o que for do que quiserem me rotular, que estou criando meus dois maravilhosos filhos. Uma coisa eu garanto: não existe amor maior do que o amor pelos filhos. E um dos poucos que valem a pena. E agora vamos trabalhar porque o mundo é grande, mas time is money. Byeee

terça-feira, 22 de junho de 2010

Citações imprescindíveis

Todos têm direito de se enganar nas suas opiniões. Mas ninguém tem o direito de se enganar nos fatos. Baruch Spinoza

Baruch Spinoza, filósofo judeu nascido em Portugal, teve como principal obra o livro Ética. Defendia a tese de que toda realida forma um único ser. Considerado ateu, detestava polêmicas e era classificado como um herege estranhamente bondoso. Foi um racionalista que negava o poder da fé e considerava a realidade um dever. Viveu entre 1632 e 1677, morreu com apenas 44 anos, vítima de tuberculose.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Através dos rios

Criei este blog para contar histórias. O nome é inspirado na infância, quando eu percorria pastagens e atravessava três riozinhos para poder estudar. Caminhava 8 Km por dia para pegar ônibus e chegar até a cidade próxima e frequentar a escola. Era sacríficio sim, mas era compensador quando o ciclo terminava e começava nova etapa. Caminhava diariamente e hoje sinto falta dessas caminhadas. Ao andar eu pensava muito e planejava o futuro. Foi uma época de expectativas e planos.

A Goiabeira e o touro

Para fazer minha pequena Mariana dormir eu costumava perguntar: você quer que eu conte uma das histórias da fazenda? E ela, que adora essas historinhas, aceitava. Uma delas é a história do Touro. Quando tinha 8 anos eu sempre ia buscar goiaba no meio do pasto. Subia no pé e ficava horas comendo lá mesmo e observando a tarde passar. Minha única companhia era um dos cachorros, que sempre me seguia. Num desses dias eu subi no pé-de-goiaba e eis que o touro, o boi mais perigoso do rebanho, decide estacionar bem embaixo do pé de goiaba. Fiquei horas presa em cima da goiabeira esperando o bicho sair e nada. A solução foi chamar o cão e, felizmente, ele espantou o boi . Passei um medo danado, claro. Essa é até hoje a história preferida de minha filha, que assim que pôde contou ao irmão essa minha aventurazinha. É isso. Por hoje, basta. Até a próxima.