terça-feira, 20 de julho de 2010

Morangos


Na minha infância ingênua de criança criada no sítio, como já disse anteriormente, caminhava alguns quilometros para chegar à escola. Nos meus 7 anos, 1º ano primário, eu ia para a aula com dois amiguinhos da mesma idade, filhos de colonos da fazenda. A gente ia observando tudo, parando em cada buraco para ver se era toca de coruja, de coelho ou de cobra. Invariavelmente encontrávamos uma bela sussuarana estirada no meio do caminho, desviávamos e seguíamos em frente. Eu era realmente feliz, apesar do sacrifício e do medo que tinha dos bois. Atravessávamos pastagens com milhares de cabeças de Nelore e também nos acostumamos a correr deles. Mas, nosso programa favorito era parar na horta de morangos do japonês. Lá podíamos tomar água da bica e, de vez em quando, ganhávamos alguns morangos fresquinhos. Era uma horta linda, tudo verdinho cheio de pontinhos vermelhos, os morangos mais gostosos que comi. Foi ali, nos meus 7 anos, que comecei a aprender o valor do sacrifício.
Hoje vejo as crianças serem levadas na porta da escola e eu mesma faço isso com meus filhos. Vejo elas exigirem ir lanchar no Mac Donald´s. Não gosto de saudosismo, mas vejo que minha infância foi pura, saudável e insubstituível. O que sobrou dela está aqui dentro de mim, é a força que me move para enfrentar o dia-a-dia.

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