segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A cultura machista

Gosto de escrever aqui porque tenho a sensação de falar comigo mesma, já que ninguém sabe da existência desse blog. Desde criança convivi muito no universo masculino, já que tenho dois irmãos mais velhos e minha única irmã sempre foi distante e se mudou de casa muito cedo. Tive de aprender a conviver de acordo com as imposições deles e me tornei um pouco rude por consequência. Desenvolvi uma preferência, inconsciente, por amizades masculinas. Os homens são menos competitivos e mais instigantes. Porém, hoje que convivo com motociclistas, percebo um machismo quase irreversível em todas as faixas etárias do universo masculino. Eles planejam viagens somente para homens. Eles programas happy hours somente para a turma. Sem garupa, dizem. O tema dos encontros é sempre o mesmo: motos, percursos, trajetos, desempenho das motos na pista e mulheres, claro. O clube do bolinha dos motociclistas me incomoda porque sou parte de uma estatística de mulheres que são chefes de família, resolvem problemas desde trocar lâmpadas a entender sobre a pastilha do freio a disco e injeção eletrônica. Por isso, o preconceito masculino me incomoda. Onde eles são melhores que eu? E eles falam das mulheres como seres que incomodam: chatas, possessivas, ciumentas e até tolas. Não me considero nem uma coisa e nem outra. Acho que nasci do lado errado, pois a tendência machista é um mal da cultura latino-americana e muito arraigada no subcosnciente brasileiro. O meu atual marido sofre, pois não é sempre que consegue acompanhar a tropa de motociclistas. Quando tem um programa só para homens pergunto: é justo eu ficar sozinha em casa? Geralmente ele pensa e desiste, mas tem dias em que finjo não me importar. Afinal, sou sozinha para lutar contra toda uma fauna de homens que priorizam sempre seus próprios desejos. Corro o risco de me tornar a general. Mas pergunto: é justo?

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